quinta-feira, 21 de abril de 2011
No espelho do banheiro
Amanheceu.
Aos poucos, a luz do sol foi invadindo todos os cantos do planeta.
Enquanto isso, eu no meu quarto escurecido, sonhava alguma coisa.
Acordei depois de algumas horas, e com muito esforço e determinação, consegui levantar da cama.
Fui até o banheiro meio tonta, peguei minha escova de dentes, e parecendo me olhar pela primeira vez no espelho,
fiquei perplexa.
Encarei a pessoa refletida, e sem querer, mergulhei nos olhos dela.
De repente, não sabia mais quem eu era, como se um véu tivesse aos poucos, desvendado uma imagem mais nítida.
Naquele momento, senti o peso de várias máscaras, que uso dependendo da situação.
Caíram todas.
A ausência de cada uma, fazia com que me sentisse mais leve e limpa.
Senti meu corpo flutuar, livre.
Escovei os dentes pela primeira vez, beijei a pessoa no espelho. Minha íntima companheira.
Vesti uma calça jeans, aquela mais velha, preferida e uma camiseta.
Comi uma maça, doce, fresca, vermelha.
Abri a porta de casa.
O dia estava azul e eu era outra, viva.
Fui caminhando, assobiando uma música...
Aos poucos, a luz do sol foi invadindo todos os cantos do planeta.
Enquanto isso, eu no meu quarto escurecido, sonhava alguma coisa.
Acordei depois de algumas horas, e com muito esforço e determinação, consegui levantar da cama.
Fui até o banheiro meio tonta, peguei minha escova de dentes, e parecendo me olhar pela primeira vez no espelho,
fiquei perplexa.
Encarei a pessoa refletida, e sem querer, mergulhei nos olhos dela.
De repente, não sabia mais quem eu era, como se um véu tivesse aos poucos, desvendado uma imagem mais nítida.
Naquele momento, senti o peso de várias máscaras, que uso dependendo da situação.
Caíram todas.
A ausência de cada uma, fazia com que me sentisse mais leve e limpa.
Senti meu corpo flutuar, livre.
Escovei os dentes pela primeira vez, beijei a pessoa no espelho. Minha íntima companheira.
Vesti uma calça jeans, aquela mais velha, preferida e uma camiseta.
Comi uma maça, doce, fresca, vermelha.
Abri a porta de casa.
O dia estava azul e eu era outra, viva.
Fui caminhando, assobiando uma música...
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Vou me entorpecer, bebendo vinho
Estávamos Jack e eu, assistindo um show de uma banda conhecida, atirados no sofá, tomando vinho.
Estavam tocando uma música antiga, com novo arranjo.
Naturalmente, iniciamos uma conversa sobre a eternidade das coisas.
- Bah cara! Essa música é velha!
- Essa regravação, ficou bem melhor que a original!
A partir daí, começamos a divagar sobre criação, cópia, modificação.
Percebemos que a roupa dos integrantes da banda, eram modelos já usados pela gente, faz muito tempo atrás.
É difícil ser original hoje.
Tu vai comprar uma roupa na loja, e encontra tendências, tipo te obrigando a usar, pra te sentir engajado, integrado,
aceito por todos.
Se tu não tiver um cartão de crédito, ou vários, não poderás comprar o que precisas, pra parecer bem vestido, todo dia.
Tudo é muito caro.
Carro então, a gente só admira, deseja.
Desde o nascimento, somos educados pra ir atrás do consumo, da aparência.
Cópia de nossos pais, avós, do homem moderno.
Hoje tudo é cópia.
Se tu cria uma música, ela terá acordes, estilo, de bandas que te influenciaram. Terá um nome rótulo.
O sapato que tu usa, foi copiado da Europa.
O computador tem uma nova versão, mais bonita, mais cara, com algumas coisas que tu não vai usar,
mas que é obrigatório possuir, pra não se sentir antigo, arcaico, POBRE.
No Google, se tu quiser dar nome pra alguma coisa, vai ter que ralar pra inventar um que não exista.
O celular qualquer hora, vai deitar no teu colo, pedindo cafuné. O novo tamagotchi.
- Bah Jack, vamos parar com essa conversa.
Não vai dar em nada.
Ninguém quer saber disso.
A humanidade já tem sua marcha, a maioria no mesmo passo.
É melhor a gente assistir o show.
- Tá bom, deixa pra lá.
Aumenta o som!!
Estavam tocando uma música antiga, com novo arranjo.
Naturalmente, iniciamos uma conversa sobre a eternidade das coisas.
- Bah cara! Essa música é velha!
- Essa regravação, ficou bem melhor que a original!
A partir daí, começamos a divagar sobre criação, cópia, modificação.
Percebemos que a roupa dos integrantes da banda, eram modelos já usados pela gente, faz muito tempo atrás.
É difícil ser original hoje.
Tu vai comprar uma roupa na loja, e encontra tendências, tipo te obrigando a usar, pra te sentir engajado, integrado,
aceito por todos.
Se tu não tiver um cartão de crédito, ou vários, não poderás comprar o que precisas, pra parecer bem vestido, todo dia.
Tudo é muito caro.
Carro então, a gente só admira, deseja.
Desde o nascimento, somos educados pra ir atrás do consumo, da aparência.
Cópia de nossos pais, avós, do homem moderno.
Hoje tudo é cópia.
Se tu cria uma música, ela terá acordes, estilo, de bandas que te influenciaram. Terá um nome rótulo.
O sapato que tu usa, foi copiado da Europa.
O computador tem uma nova versão, mais bonita, mais cara, com algumas coisas que tu não vai usar,
mas que é obrigatório possuir, pra não se sentir antigo, arcaico, POBRE.
No Google, se tu quiser dar nome pra alguma coisa, vai ter que ralar pra inventar um que não exista.
O celular qualquer hora, vai deitar no teu colo, pedindo cafuné. O novo tamagotchi.
- Bah Jack, vamos parar com essa conversa.
Não vai dar em nada.
Ninguém quer saber disso.
A humanidade já tem sua marcha, a maioria no mesmo passo.
É melhor a gente assistir o show.
- Tá bom, deixa pra lá.
Aumenta o som!!
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Amigos imaginários, ou não
Sentia frio, estamos no outono.
Aos poucos, sem querer, meus pensamentos me levaram pra minha infância.
Tenho 20 anos, isso pra mim é muito longe.
Bah cara, lembrei dos meus amigos imaginários.
Isso é muito louco. Chamavam-se Aqui e Agora.
O Aqui, era quem me dava a localização de tudo, me ajudava a subir em árvores, andar de bicicleta, saltar buracos, achar um esconderijo.
Com ele, eu me sentia dono do mundo.
Não existia nenhum lugar, além do exato lugar em que eu estava.
O Agora, era um guri do tempo.
Ele me ajudava a sentir tudo, em cada minuto que nos encontrávamos juntos.
Com ele, não interessava quanto tempo havia passado, ou quanto faltava passar, mas, e somente a intensidade.
Éramos unha e carne.
Até que fui crescendo, perdendo o contato com eles.
Foram me apresentando outros amigos, desta vez reais, o Passado e o Futuro.
Não consegui mais viver sem eles.
Se por um momento esqueço deles, caio num vazio que dá medo, perco o chão.
O frio continuava.
Ouvi um som que vinha de muito longe.
Não conseguia identificá-lo. Foi ficando mais forte, mais forte...
Acordei.
Era meu celular tocando. Não deu tempo de atender.
Puxei meu edredom e vi que perdi a hora.
Deitei pra dar um cochilo depois do almoço, e ferrei no sono.
Tinham várias mensagens recebidas, ligações perdidas.
Vou responder todas rapidamente, antes de sair correndo para o trabalho.
Que sonho louco meu!
Parecia real!!
Aos poucos, sem querer, meus pensamentos me levaram pra minha infância.
Tenho 20 anos, isso pra mim é muito longe.
Bah cara, lembrei dos meus amigos imaginários.
Isso é muito louco. Chamavam-se Aqui e Agora.
O Aqui, era quem me dava a localização de tudo, me ajudava a subir em árvores, andar de bicicleta, saltar buracos, achar um esconderijo.
Com ele, eu me sentia dono do mundo.
Não existia nenhum lugar, além do exato lugar em que eu estava.
O Agora, era um guri do tempo.
Ele me ajudava a sentir tudo, em cada minuto que nos encontrávamos juntos.
Com ele, não interessava quanto tempo havia passado, ou quanto faltava passar, mas, e somente a intensidade.
Éramos unha e carne.
Até que fui crescendo, perdendo o contato com eles.
Foram me apresentando outros amigos, desta vez reais, o Passado e o Futuro.
Não consegui mais viver sem eles.
Se por um momento esqueço deles, caio num vazio que dá medo, perco o chão.
O frio continuava.
Ouvi um som que vinha de muito longe.
Não conseguia identificá-lo. Foi ficando mais forte, mais forte...
Acordei.
Era meu celular tocando. Não deu tempo de atender.
Puxei meu edredom e vi que perdi a hora.
Deitei pra dar um cochilo depois do almoço, e ferrei no sono.
Tinham várias mensagens recebidas, ligações perdidas.
Vou responder todas rapidamente, antes de sair correndo para o trabalho.
Que sonho louco meu!
Parecia real!!
Minha, tua, nossa realidade
Chegou o momento.
Ligo o estabilizador, a CPU, o monitor.
Aguardo alguns segundos, e a janela se abre, brilhante, o fundo com minha foto escolhida, temporária.
Clico nos atalhos, que levam diretamente para os mesmos lugares conhecidos, públicos, mas para mim, como
um vidro blindado a me proteger dos males e chatices do mundo.
Basta um clique e oculto minha presença.
Fico ali, minha janela e eu, de onde vislumbro aquilo que quero.
Digito rapidamente respostas no MSN.
Domino totalmente o diálogo digital.
Ligo a Webcam para alguns, tornando mais próxima nossa conversa.
Em paralelo, posto novidades no meu blog, dou uma olhada nos que sigo, respondo scraps no Orkut, olho atualizações
de meus amigos, fico twitando alguns minutos e acompanho meus vídeos favoritos no youtube.
Horas passam.
Da janela ao meu lado, que dá para o jardim, vejo que anoiteceu.
Lembro que queria ter passeado com meu cachorro, admirado a primeira rosa branca desabrochada, mas foi um
pensamento muito rápido.
Ainda tenho que ler e-mail’s. Deletar muitos, responder alguns.
Meu irmão quer usar o PC.
Pra mim ainda não é hora de me desconectar.
É um mundo de dimensões, onde qualquer pessoa pode tornar seus pensamentos, suas fotos, seus talentos e tudo que
quiser, parcialmente ou completamente públicos.
O que continua privado para sempre, é o EU, que só a gente conhece e sente, aprisionado, calado.
Fecho todas as janelas abertas, deixando a tela somente com meus atalhos e foto.
Meu irmão entra no seu usuário, vão aparecendo seus atalhos e seu fundo, escolhido, temporário.
Deixa-se sugar pelo seu mundo digital.
Carrega o jogo da hora, onde já está no level 40, ele é muito bom nisso.
Já tem vários poderes, inclusive o de voar.
Por algumas horas, ele é o personagem, voando, matando monstros e cumprindo missões.
Outras vezes, armado, matando inimigos escondidos.
Por sorte da humanidade, mentes criaram tudo isso, para nos salvar do tédio da vida real.
Ligo o estabilizador, a CPU, o monitor.
Aguardo alguns segundos, e a janela se abre, brilhante, o fundo com minha foto escolhida, temporária.
Clico nos atalhos, que levam diretamente para os mesmos lugares conhecidos, públicos, mas para mim, como
um vidro blindado a me proteger dos males e chatices do mundo.
Basta um clique e oculto minha presença.
Fico ali, minha janela e eu, de onde vislumbro aquilo que quero.
Digito rapidamente respostas no MSN.
Domino totalmente o diálogo digital.
Ligo a Webcam para alguns, tornando mais próxima nossa conversa.
Em paralelo, posto novidades no meu blog, dou uma olhada nos que sigo, respondo scraps no Orkut, olho atualizações
de meus amigos, fico twitando alguns minutos e acompanho meus vídeos favoritos no youtube.
Horas passam.
Da janela ao meu lado, que dá para o jardim, vejo que anoiteceu.
Lembro que queria ter passeado com meu cachorro, admirado a primeira rosa branca desabrochada, mas foi um
pensamento muito rápido.
Ainda tenho que ler e-mail’s. Deletar muitos, responder alguns.
Meu irmão quer usar o PC.
Pra mim ainda não é hora de me desconectar.
É um mundo de dimensões, onde qualquer pessoa pode tornar seus pensamentos, suas fotos, seus talentos e tudo que
quiser, parcialmente ou completamente públicos.
O que continua privado para sempre, é o EU, que só a gente conhece e sente, aprisionado, calado.
Fecho todas as janelas abertas, deixando a tela somente com meus atalhos e foto.
Meu irmão entra no seu usuário, vão aparecendo seus atalhos e seu fundo, escolhido, temporário.
Deixa-se sugar pelo seu mundo digital.
Carrega o jogo da hora, onde já está no level 40, ele é muito bom nisso.
Já tem vários poderes, inclusive o de voar.
Por algumas horas, ele é o personagem, voando, matando monstros e cumprindo missões.
Outras vezes, armado, matando inimigos escondidos.
Por sorte da humanidade, mentes criaram tudo isso, para nos salvar do tédio da vida real.
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