Estávamos Jack e eu, assistindo um show de uma banda conhecida, atirados no sofá, tomando vinho.
Estavam tocando uma música antiga, com novo arranjo.
Naturalmente, iniciamos uma conversa sobre a eternidade das coisas.
- Bah cara! Essa música é velha!
- Essa regravação, ficou bem melhor que a original!
A partir daí, começamos a divagar sobre criação, cópia, modificação.
Percebemos que a roupa dos integrantes da banda, eram modelos já usados pela gente, faz muito tempo atrás.
É difícil ser original hoje.
Tu vai comprar uma roupa na loja, e encontra tendências, tipo te obrigando a usar, pra te sentir engajado, integrado,
aceito por todos.
Se tu não tiver um cartão de crédito, ou vários, não poderás comprar o que precisas, pra parecer bem vestido, todo dia.
Tudo é muito caro.
Carro então, a gente só admira, deseja.
Desde o nascimento, somos educados pra ir atrás do consumo, da aparência.
Cópia de nossos pais, avós, do homem moderno.
Hoje tudo é cópia.
Se tu cria uma música, ela terá acordes, estilo, de bandas que te influenciaram. Terá um nome rótulo.
O sapato que tu usa, foi copiado da Europa.
O computador tem uma nova versão, mais bonita, mais cara, com algumas coisas que tu não vai usar,
mas que é obrigatório possuir, pra não se sentir antigo, arcaico, POBRE.
No Google, se tu quiser dar nome pra alguma coisa, vai ter que ralar pra inventar um que não exista.
O celular qualquer hora, vai deitar no teu colo, pedindo cafuné. O novo tamagotchi.
- Bah Jack, vamos parar com essa conversa.
Não vai dar em nada.
Ninguém quer saber disso.
A humanidade já tem sua marcha, a maioria no mesmo passo.
É melhor a gente assistir o show.
- Tá bom, deixa pra lá.
Aumenta o som!!
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